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MAIS CULTURA PARA ESQUECER AS TREVAS QUE SE ANUNCIAM

A CRÍTICA DA CRÍTICA

O filme “Nasce uma estrela” preenche todas as medidas. Lady Gaga canta e atua a fazer jus a um Oscar, com Bradley Cooper, dirigindo e protagonizando, não ficando atrás. Uma sucessão de espetáculos musicais de nos deixar de queixo caído com a qualidade de som em casas de espetáculo e shows ao livre, permeados por um drama arrebatador em torno de estrelato e decadência que nos leva às lágrimas. Não por ser xaroposo, e sim por girar em torno de um amor, em nenhum momento abalado nas bases de sua felicidade, mas que sofreu as consequências do conflito entre carreiras. No filme “O primeiro homem”, o diretor Damien Chazelle relembrou o clima de risco e de enterro na louca corrida espacial a que se lançou os EUA contra a União Soviética, muito à frente com Sputnik e Gagarin, face aos pilotos mortos em testes – informação essa abafada à época. Não só transportava a plateia para o ambiente claustrofóbico das cápsulas espaciais como para o tenso ambiente do lar de Neil Armstrong, o primeiro astronauta que pôs os pés na Lua. As marcantes e inesquecíveis músicas de Dona Ivone Lara no espetáculo musical que leva seu nome, contam sua trajetória já de mulher empoderada, que trabalhava com a psiquiatra Nise da Silveira como assistente social, e lutando para pertencer à ala dos compositores no universo machista das escolas de samba. Dona Ivone é mostrada em sua fase menina (Dandara Mariana), adulta (Heloísa Jorge) e madura (Fernanda Jacob), compondo e cantando “Sonho meu”, “Alguém me avisou” (Eu vim de lá, eu vim de lá pequenininho…), “Acreditar” (Acreditar, eu não), Sorriso Negro (Negro é a raiz da liberdade). Belo espetáculo idealizado por Jô Santana, que imprimiu à peça um feitio dirigido à comunidade afro-brasileira, raro de ser visto e de uma impressionante diversidade através da arte negra, que nos faz esquecer o clima de trevas prometido para o Brasil, se embarcado na onda bolsonara. Rildo Horta, o maestro, direção e texto de Elísio Lopes Jr. e coreografia de Zebrinha, tudo em alto nível.

Antonio Carlos Gaio:
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