Se já causa estranheza médico tratando de economia, quanto mais banqueiro cuidar da saúde. É do Ronaldo Cezar Coelho o aval a hordas de enfermos que entopem os corredores de hospitais públicos no Rio de Janeiro, queremos lá saber se federal, estadual ou municipal. Os vírus e papa-defuntos agradecem.
Ronaldo, a regra é clara, mexer com a vida é chegar perto da morte, o risco do negócio. Igual a banco, se não tem cacife para pagar suas dívidas, os juros asfixiam e o caixão se fecha quando o negócio falece.
Justamente no momento em que Cesar Maia foi mordido pela mosca azul de apenas ser candidato a presidente da República. Depois de afirmar que a intervenção nos hospitais é correta e bem-vinda, que a população irá se beneficiar, pois Lula está assumindo o que é seu e de sua responsabilidade.
E nos brinda com uma lista de malvadezas que só pode ter aprendido com seu patrono. Uma tentativa de modernizar o coronelismo. De causar inveja a outro candidato com que o Rio de Janeiro nos orgulha.
Desde o início da intervenção, os estoques dos hospitais não são repostos, cadeiras de rodas novas foram encontradas em depósitos, remédios com prazos de validade vencidos. Ambulâncias enviadas à prefeitura, paradas.
Será que esses senhores se julgam imunes do mesmo fim que nos é reservado? Se a passagem não for tranqüila, corresponderá a inferno. Ninguém merece. Ou aqui se faz, aqui se paga? E os créditos? Temos que somar pontos para o verdadeiro vestibular.
Exoneração de médicos e funcionários em postos-chave dos hospitais. Veto ao funcionamento de postos de saúde nos sábados e domingos. Obrigando a entrada do Exército, Marinha e Aeronáutica para regularizar atendimento médico, oferecendo leitos, cirurgias e terapia intensiva.
Por falar em Freud, parece que baixou um espírito de Nero amancebado com Napoleão e a glória da vitória nas eleições extrapolou para um comportamento anti-social e amoral sem demonstração de remorso, no afã de provar que, “se o povo me escolheu, é porque estou fazendo tudo certo”. O Rio, de tão lindo e formoso, demolido paulatinamente pelo prazer com a dor alheia.
Isso dá azar, meus camaradas. A colateralidade das enfermidades está associada ao padrão ético imprimido à existência. Olha que Tom Jobim, canonizado como santo protetor da Cidade Maravilhosa, vai pô-los num coral até afinarem com: “Minha alma canta, vejo o Rio de Janeiro, estou morrendo de saudade, Rio teu mar, praias sem fim, Rio você foi feito pra mim, Cristo Redentor, braços abertos sobre a Guanabara”. Podem imaginar um castigo melhor?