Afinal de contas, o que se passa no reino dos homens? O que está acontecendo a esses indivíduos outrora fortes e temidos pelas mulheres? Estão doentes ou são portadores de alguma síndrome que desconhecemos? Será que não se dão conta de sua apatia ante os rumos que a mulher empreende e preferem continuar a se banhar em atoleiros?
Nota-se um generalizado receio e desconforto em reação ao diagnóstico de que o sexo masculino está afundando. Se não tomar cuidado, poderá vir a se tornar o continente perdido da Atlântida. Seus registros de macho começam celeremente a ser apagados e a comunidade científica até agora não despertou para a gravidade do fato.
Embora a cabeça que ainda rege o mundo seja de caráter masculino, independentemente do fato de as mulheres estarem alcançando fatias impensáveis de poder, aceleradamente.
E castra a feminilidade, uma das joias raras que as mulheres perderam nos grãos de areia que semeiam a arena onde combatem os homens.
Deus, quando escorraçou o homem do Paraíso, deixou-o imerso em dois dilemas: o de não confiar no próximo e ser incapaz de decifrar o discurso ambíguo da mulher.
Desgraçadamente desandou a mentir, através de seu próprio sexo que, apesar de concentrar todas as atenções, pôs a perder qualquer causa mais nobre.
Mentir? Ora veja! Se a linguagem falada já não vinha expressando adequadamente as emoções sofridas no amor, imagine o vocabulário atual! Mostra-se limitado e frustrante ao não nos suprir de recursos para diminuir o estresse de nosso discurso confuso sobre a roda-viva de relacionamentos.
Restabelecemos a Torre de Babel.
Obrigando-nos ao silêncio resignado ou ao ataque de raiva nascido do inconformismo. Melhor seria teatralizar a sério, vivenciar as delícias da ficção, arcar com as tragédias e dialogar cantando.
Taxariam de irresponsável e insano. Como se a realidade que nos cerca e oprime não falasse por si só. A mãe de todas as bombas, epidemias que oscilam da pneumonia à pedofilia, o roubo via internet, a droga onipresente, uma globalização que desemprega e exclui.
O homem vive um momento apocalíptico em que os privilégios escorrem por entre seus dedos e não mais pode se criar na submissão. Associo-o às práticas políticas de Maquiavel, prescritas no manual de autoajuda O Príncipe. Fornido na maçonaria cuja política é a arte do possível e não como as coisas deveriam ser, cresce sob o estrépito do chicote, depois de nascer como um príncipe, segundo os privilégios que a família lhe confere, optando pelo caminho do crime: a opressão. Desconhecendo o amor quando se trata da entrega de sua alma.
Em defesa de sua cidadela, os homens não guardam o menor escrúpulo em ofender o objeto de seu amor. Agem sempre com oportunismo para se salvarem das enrascadas em que se metem. Seja qual for a disputa, enxergam mais longe e são mais espertos. Espelho meu, existe alguém mais bonito do que eu?
Se os fins justificam os meios, natural a falácia e sofismas ao se explicar. Tapam os ouvidos quando o coração fala em lugar da mente. É fundamental aparentar verossimilhança, com uma lógica bem estruturada e consistente, para tudo continuar como dantes no quartel de Abrantes.
Cruel é o maquiavelismo de iludi-la com respeito a seu livre-arbítrio, dissimulando tudo o que estiver ao seu alcance para criar uma atmosfera de proteção e amizade, sem as quais o mundo parecerá ainda mais hostil. Perante suas necessidades, ela cederá diante de razões imperiosas ditadas por uma situação conjugal almejada e acabará por se curvar ao poder. Que é masculino e se encarregará de explorar essa mina.
O criador passou a ser mais importante que sua obra. Todos só querem saber de Maquiavel, segundo suas conveniências de abocanhar ou conservar o poder para justificar seu comportamento perante a mulher.
Abstraindo-se do que mora na vã sensibilidade do sexo feminino. Caso contrário, não completará o percurso dessa corrida contra o tempo. Acredita ser julgado apenas pelos seus resultados.
Ao não possuírem uma verdadeira existência, apenas esfregam as mãos diante da satisfação garantida, inseridos na lógica de apego à ereção e ejaculação. Tornando-os cativos do orgasmo imediatista e da repetição incessante.
Boi sonso que procura nas vadias o verdadeiro prazer que não encontra na esposa.
Só revela a criança que nele reside e resiste a ser consciente de seus atos. Pouco arguto ao acreditar piamente que a sorte é uma mulher. O protótipo do caráter robótico de que é muito mais seguro ser temido do que amado. Os homens acabaram forçados a se refugiar atrás dos muros, permanecendo na defensiva.
Também pudera, o mundo não se livrou do ranço de hipocrisia contra quem fala a verdade, nada mais que a verdade. Agride o bom senso de seus opostos, e ofende.
Investir contra o homem é declaração de guerra, na certa. Dali não sai, dali ninguém o tira. Ali é o seu lugar. Ai de quem tentar! Ele ignora, rejeita e desrespeita, ao melhor estilo bastardo de postergar a investigação de suas origens, para impedir que se descubra a gênese de sua geração e formação. Uma personalidade que veio para reinar.
Adoram se enganar com uma vida sexual e sentimental descontraída, cercados de gente completamente desinibida. Se autopromovem na frequência e na qualidade. Marqueteiros, jamais falam com sinceridade nem exprimem o que sentem de verdade – forjam a realidade de sua história oficial. Uma escuta clandestina de sua intimidade revelará patifarias que nem desconfiamos.
Acostumados ao longo dos séculos a serem desafiados a provar sua virilidade, inércia é a solução imediata em sinal de protesto ao esvaziamento dos relacionamentos, tal como tradicionalmente sempre foram.
Desejo é um amor que não se controla.
Eles não suportam mais essa atitude lisérgica de não parar de pensar em se libertar um minuto sequer, nem em sonhos. Há que estancar a hemorragia.
Mas o sexo a longo prazo não traz felicidade!
A tecnologia atual não reinventou a roda. Nem o homem.