Não é à toa que Aécio Neves e Eduardo Campos patinavam nas pesquisas há um mês atrás. O eleitorado em busca de um candidato que se encaixasse no seu desejo de mudança, primordialmente dirigido contra a classe política, e fortemente registrado em pesquisas, não viu neles o perfil adequado. Mas repercutiu em Marina, em razão de Dilma e sua política em favor da diminuição substancial da pobreza não estarem encontrando boa acolhida e considerada um modelo que se esgotou para boa parte do eleitorado. Colou em Marina a imagem do novo em política, embora tivesse sido vereadora, senadora e ministra de Estado e vinculada a três partidos diferentes (PT, PV, PSB e, em breve, Rede). Por ter dado a impressão a seus seguidores de que ela nunca se envolveu em qualquer maracutaia da política tradicional e, portanto, fiel a seus princípios éticos. Por passar a imagem de que consegue soluções fora da estrutura partidária. O ideal para os manifestantes que execram os partidos políticos. Confiam nos poderes imperiais do presidente e apostam suas fichas nela para enquadrar o Congresso. Convenhamos, a disputa entre Dilma e Aécio estava uma mesmice só e daí o número elevado de indecisos e votos nulos. A entrada de Marina no cenário da contenda trouxe emoção à disputa, tornando-a mais interessante, instigante e apaixonante, mesmo porque deu oportunidade de agitar a agenda de debates, questionamentos, provocações e contradições, indo mais a fundo na discussão de propostas e tirando Dilma de sua posição confortável. Se isso se configurar numa aventura e na desestabilização do país, bem como no equívoco do eleitor que se mostrou despolitizado, esse é o melhor da democracia: a liberdade de opção – que costuma irritar quem pensa em contrário.