Marina saiu do PT, como ex-fundadora, e se lançou candidata a presidente pelo PV, para se converter em linha auxiliar dos tucanos e incendiar seu discurso de propalada honestidade de propósitos, aderindo à política de resultados. Ao pragmatismo que tanto condenava no Lula. Com Gabeira na cabeça para governador do Rio de Janeiro e César Maia para senador, o PV formará uma chapa com PSDB, DEM e PPS, cujo financiamento da campanha será tocado pelo tucanato paulista e carioca em conluio com o que tem de melhor no grande capital dos dois estados. Gabeira funcionará como Dona Flor e seus dois maridos, liberando seu palanque para Serra e Marina, adversários a princípio. Com o andar da carruagem, Marina será vice de Serra se a eleição rumar para o plebiscito: continuidade lulista versus desmontagem do lulismo. Que Gabeira se guardava, enrolado como uma serpente, para dar o bote, se sabia – desde que seu gênio se tornou incompatível com o aparelho petista. Mas Marina, a reboque das grandes e dos grandes capitais, acabará por encolher sua imagem amazônica e aflorar outra espécie ainda não catalogada. Será que ela sonha em repetir a trajetória de Lula?