Nestor Cerveró exerceu vários cargos de direção na Petrobras, ganhando projeção por levar a empresa a adquirir a Refinaria de Pasadena, negócio que mostrou ser prejudicial à companhia. E por estar sendo investigado na Operação Lava Jato, que se afigura como o maior processo judicial da história brasileira que porá na cadeia políticos, empresários, executivos e diretores da Petrobras.
Mas o que chama atenção em Cerveró é o olho esquerdo se encontrar numa posição mais abaixo do que o direito com os médicos especulando que seja resultado de uma combinação de ptose com exoftalmia. A primeira doença faz a pálpebra superior cair sobre o olho, gerando não só um problema estético, mas também na visão, se a queda da pálpebra for muito acentuada. A segunda faz o olho parecer saltado para fora da órbita, provocado por um acúmulo de gordura na região, o que favorece a expulsão do globo ocular, visível no ator e humorista Fernando Caruso, famoso, entre outros atributos, pela capacidade em arregalar os olhos, tornando-os bastante salientes.
Como o Carnaval propicia o desejo de encarnar nas pessoas o que elas têm de pior, provocadas pelo cenário político corruptor dos valores morais da sociedade, nada melhor do que pôr pra fora seu nojo pela classe política e agregados corrompidos através da brincadeira, com seu bloco nas ruas, usando uma máscara do Cerveró.
O mesmo Cerveró deformado pela Natureza que, nem assim, o impediu de transgredir e de tirar vantagens da empresa que personifica as riquezas do Brasil, como se fosse sua casa.
Cerveró tem medo de que sua horrenda fisionomia estampada em máscaras vire mote para gozação no Carnaval e ele caia na boca do povo como o “desgraçado que roubou o nosso tesouro sem se intimidar com o monstro em que se transformou”.
É muita falta de limites ao não temer a caricatura de que se investiu. Pois Cerveró já decidiu que irá processar todo mundo que estiver usando sua máscara. Batendo de frente com o espírito do Carnaval, com o legítimo desejo dos foliões de não respeitarem nada nem ninguém, ao menos no Carnaval. Para descansarem desse mundo careta, impiedoso e infatigável na arte de bulir com a boa-fé de seus cidadãos, cuja única arma no Carnaval é usar a máscara de Cerveró, que é de dar medo. Para sentir o gostinho de poder tirar um sarro da cara monstruosa de Cerveró, sem que isso possa ser proibido.
A melhor democracia, e a que lhe dá maior prazer, ainda é a do Carnaval. Por você poder dizer o que pensa. Brincando.