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MEU REINO POR UMA LISÍSTRATA

Como é fácil fazer os homens de bobo, ainda mais com o poder de sedução do qual a lingerie é capaz! Potencializando o corpo a uma dimensão que confere sensualidade a mais inexpressiva das mulheres – segundo o másculo olhar clínico.
O corpo como ferramenta de trabalho. O corpo como instrumento para prolongar o prazer. O corpo como meio para protestar contra os desmandos do companheiro e fazer greve de sexo.
A greve de sexo surge no teatro grego com Aristófanes em sua peça “Lisístrata”. Irritadas com a luta fratricida entre atenienses e espartanos que enfraquecia a Grécia perante persas e medos, mulheres de Atenas tomaram a Acrópole para dar um basta na Guerra do Peloponeso, quando as tropas de Esparta já se concentravam em torno das muralhas de Atenas. Lideradas por Lisístrata, decidem instituir uma greve de sexo, trajadas de túnicas transparentes e maquiadas para provocar mais ainda seus maridos, até que deixassem de lutar e estabelecessem a paz.
Mas a greve de sexo não faz mais nenhum sentido. Só se justificava no momento em que as mulheres ficavam em segundo plano na sociedade ou eram objeto sexual por não terem escolha ou porque dependiam dos maridos ou em situações de extrema miséria.
Quando o sexo não é mais um serviço em domicílio que as mulheres prestam aos homens e sim um prazer de ambos. O que começa por confundir o homem se a iniciativa dela o encosta contra a parede. O que o perturba se descobrir que elas têm mais necessidade de sexo. Ratificado pela buceta permanentemente molhada. E o superar.
Ele não vai dar conta. Inevitavelmente alguém se aproximará, com passo de gato; a sombra é visível. Para cumprir sua cota que ficou devendo. Afinal de contas, todos percebem o cio no estado de espírito da pobre mulher desatendida por sua culpa, em face de ele não conseguir acompanhar o seu ritmo e a sua alegria de se entregar ao amor que gruda e não entedia.
O que verdadeiramente o homem não está à altura de assimilar é a visão da mulher jovem descolada de não ver problemas em ser objeto sexual. Por ele não encontrar, dentre os seus recursos, outra forma de amar e ela vislumbrar nisso uma prova de amor, o que a satisfazendo, é o que interessa, sem maiores preconceitos. Mesmo porque ela não perde sua autonomia, além de os homens também serem objeto de desejo das mulheres. Embora possa resvalar para um amor emocionalmente contundente e tosar o pelo da mulher.
O homem nessa embarca por amar aventura e correr riscos, nutrindo a esperança de encontrar um porto seguro onde se permita construir uma casa de sapê adequada para que uma Lisístrata surja e dê um empurrãozinho para evoluir o seu espírito indomável.
Antonio Carlos Gaio:
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