Tentando retardar a irreversibilidade da degeneração que prenuncia a morte, Michael Jackson foi perdendo a vida. Cedeu vida para evitar morte. Fracassou no que a sociedade contemporânea dá a vida para rejuvenescer. Esticando-se com plásticas. Repaginando-se com implantes e próteses. Aplicando-se injeções. Ingerindo vitaminas para cavalos. Adquirindo músculos que ressaltem o vigor da textura da carne frágil. Cambiando o tom da pele para o azedo ou o fogo em brasa. Escolhendo o parceiro jovem como fiador de sua maior oxigenação, sem precisar relaxar as ideias numa câmara hiperbárica. Para ser mais feliz em oposição ao resultado de sua concepção. E não mais ser o Michael Jackson parido por seus pais. A luta desesperada para renegar o Michael Jackson, no original, apressou seu fim. Prolongar seria punir um espírito que só nos trouxe alegria, cantando e dançando nas nuvens. Ser outro espírito? Só na próxima encarnação.
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