70 dias depois de sua morte é que a família de Michael Jackson resolve enterrá-lo. Cadáver insepulto atrai os ventos que assobiam mau agouro e dificultam a partida de um espírito que nasceu de uma família caça-níqueis, personificada na figura asquerosa do patriarca, que irá explorar os direitos do show do funeral, do enterro e das derradeiras imagens do inesquecível dançarino e cantor. Michael Jackson acabou perdendo o sono, massacrado pela realidade de pretender distinguir-se do espectro dessa família e não conseguir encarnar em outra personalidade que lhe proporcionasse uma paz comparável ao sono dos justos. Buscou por todos os meios dormir, refugiando-se nos olhos fechados para escapar à incompatibilidade com o mundo material, desafiando perigosamente a morte. A insatisfação sufocou seu ser e criou o ambiente propício para o suicídio. Por ingestão aguda de anestésicos utilizados em cirurgias hospitalares, combinados com outros medicamentos do gênero sossega leão no coquetel da morte. O cardiologista aplicava, ganhava muito bem pra isso e tem de ser preso por exercício espantoso da Medicina; no entanto, se não fosse ele, seria outro médico. O mandante do crime foi Michael Jackson. Se o instinto de sobrevivência não falou mais alto, não foi por conta de Michael ser infantil ou insano, como à primeira vista parecia.
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