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MIDIÁTICOS

Gerald Thomas reclama de cafonas não entenderem o que se passa pela cabeça de Freud ao insistir em analisar Wagner. Cheirando cocaína no palco enquanto a mulher de Thomas, a atriz Fabiana Guglielmetti, se masturba insatisfeita com a pieguice do amor de Tristão e Isolda, que não trepam nem saem de cima do público durante cinco horas.
Diante de tantos gênios reunidos, Gerald, o midiático, resolveu arriar as calças e dar a sua contribuição para a cultura cabocla, exibindo uma bunda branquela, ossuda e com espinhas típicas de um adolescente – uma vestal a serviço da arte. Não agradou à platéia wagneriana que, como todo bom anti-semita, persegue homossexuais à noite, para, de dia, aproveitar a política de juros estratosféricos de Lula e ficar na vanguarda dos acontecimentos.
Outra discriminação astuciosa é a sofrida pela Preta Gil, nua em pêlo na capa de seu primeiro CD. Acusada de pôr em contraste suas banhas com a finura de seu pai cantor e ministro – um faquir a serviço da cultura.
Por que o culto à estética da magreza, se o povão clama por carne, apertar as pelancas, osso duro é vida pra cachorro, o negócio é comer churrasco – uma metáfora ao gosto do presidente. Fala sério, discriminação pra valer era a do apartheid, das reservas indígenas, da interdição à mulher de ser o cabeça do casal.
A nudez exacerba a discriminação, ao restringir o talento às partes pudendas, se divinas e maravilhosas. Agora, se não cair no gosto da patuléia, arquive-se o corpo na geladeira, enquanto mocréias e zarolhos se interrogam: o que será que essa gente tem na cabeça?
Estratégia demais bolina a discriminação.

Antonio Carlos Gaio:
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