O ministro Fachin do Supremo Tribunal Federal cada vez mais se assume como advogado de defesa de Moro, que ecoa através da voz da Globo. Usa como mote de chantagem jurídica a operação Lava-Jato correr o risco de ser desnaturada, com todos os condenados se aproveitando da porteira que ele mesmo abriu. Quando se refere à anulação das condenações e de torpes averiguações para colocar Lula na cadeia, com o mesmo cinismo de Moro, asseverando que apenas transferiu o foro das investigações de Curitiba para o Distrito Federal. Um mero detalhe a lembrar que não julgou o mérito da questão. Pouco se importa com a prisão injusta de 580 dias infligida ao ex-presidente, de impedi-lo de se candidatar às eleições presidenciais de 2018, permitindo a consagração de um monstro à cabeça do país. Nem mesmo com as mortes de Dona Mariza, seu neto e seu irmão, consequentes à ilegal condução coercitiva de Lula com requinte de crueldade. Nada disso interessa ao Fachin, somente salvaguardar a justeza da operação e os métodos inquisitoriais de Moro que afrontam o Estado de Direito, não dando um pio sobre as conversações gravadas do ex-juiz com os procuradores na República de Curitiba no acerto de contas da quadrilha. Isso é politizar as decisões do Judiciário, partidarizar ou tomar partido, associar-se à perversidade dos vereditos finais de Moro. Vai acabar sendo colhido pela maldição que cerca a trajetória de Moro, de herói a malfeitor, e que se estendeu ao Poder Judiciário no Brasil. Iniciada na morte do juiz do Supremo, Teori Zavascki, em desastre de avião.