Todo dia essa página me olha com cara de nada. E começo a escrever besteiras, alucinada.
Não, mentira. Vira e mexe e escrevo coisas que prestam, vai. Com calma.
Quando as palavras, num ai, me emprestam suas almas.
Nessas horas, a inspiração é genuína e pareço uma menina deslumbrada com as descobertas.
Porque a poesia me desperta pra vida. É ela que cura as feridas e me mostra o caminho, compreende?
Sem poesia, minha vida não rende.
E pra quem não sente o mesmo, nem adianta explicar. Escreviver o poema me é como inspirar o ar.
Inspirada, inspirando, por vezes pirando com essa mistura. É vício e ao mesmo tempo cura.
Depois que a poesia se impôs em minha vida, virei prisioneira, fanática, fiel, daquelas bem lunáticas, sabe? E isso não é problema, é poema. Não é inferno, é céu. Os poetas moram na lua mesmo.
Fato é que, agora, não ando mais a esmo. Tenho destino certo: perder-me na vida. Para depois me achar nas palavras e dizer: missão cumprida.
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