O que chama a atenção no julgamento da chapa Dilma/Temer no Tribunal Superior Eleitoral é a atuação cinematográfica do ministro Gilmar Mendes, como vilão verborrágico da peça, quando mandou a modéstia às favas e mentiu dizendo que seu objetivo não era cassar a chapa, mas tomar providências para que a corrupção não mais maculasse as eleições. Se Dilma ou o PT à cabeça, a cassação seria a opção seguinte ao impeachment caso o golpe não fosse bem-sucedido. Já o amigo Temer deve ser absolvido para o bem da estabilidade política do país e garantir o caráter reformista de seu governo, cobrindo o suposto buraco da Previdência com o sacrifício dos que ganham menos, aumentando a idade limite para a aposentadoria, e esvaziando a Justiça do Trabalho através da terceirização para aumentar o lucro das empresas. Pouco se dá se Temer perdeu a capacidade de governar por ações impróprias, não só ao cargo, mas à atividade política. O que importa é atender o mercado financeiro, que já sinalizou que reagirá positivamente se livrarem o pescoço de Temer. O mercado só se interessa por quem joga em seu time e segue as regras que impõe, considerando a corrupção muito relativa, invocando o cientista jurídico Albert Einstein. O mercado é um bom patrão, que costuma pagar bem.