O que há de único na obra de Modigliani não é sua arte figurativa caracterizada por face e pescoço alongados. Nem ter morrido aos 36 anos deixando 320 telas e 27 esculturas – o que bastou para ser considerado o pintor mais importante da Itália no começo do século XX. Nem ter sofrido de pleurisia, tifo e tuberculose em seu crescimento, que comprometeram sua saúde pelo resto da vida, quando delirava implorando à sua mãe para ver as pinturas no Palazo Pitti e Uffizi, em Florença. Nem de ele se dedicar ao retrato de sua esposa em vários quadros, como na sua obra maior, “Jeune Femme aux yeux bleus” (1917), num brilhante jogo de introversão que faz surgir um rosto feminino enigmático com olhos azuis fixados no grande Amedeo Modigliani. O que há de único e sem paralelo em história de amor foi Jeanne Hébuterne, sua musa inspiradora, ter se suicidado no dia seguinte ao seu falecimento, em 24 de janeiro de 1920. Grávida de oito meses. Atirando-se do 5º andar de um prédio. Deixando órfã a filha Jeanne, nascida em 1918. Parecido, mas não igual, somente Romeu e Julieta.