Nesta nova ordem mundial movida a ódio e segregação, eis que surge o filme “Moonlight”, de Barry Jenkins. É sobre tráfico de drogas ou consumo de crack? Um filme gay? Ou abordando questões raciais? Ou sobre um garoto (ou criança?) paupérrimo e negro (boa parte do filme), que chega à adolescência pressionado pelo tráfico de drogas? Levando sua mãe e sua casa a se integrarem à barra-pesada do bairro de Liberty City no venerado Estados Unidos de Miami. Procurando descobrir sua identidade na adolescência sujeita a constantes bullying até chegar no adulto americano negro, comum e excluído, aprisionado em seus sentimentos e imerso na incomunicabilidade e na falta de aceitação e afeto. O filme é para além da raça, de discutir gênero e classes sociais, por conseguir transpor para a tela angústias e aflições pelas quais passam muitas crianças e adolescentes, gays ou não, de forma realista, sensível e honesta. Ainda que seja lugar comum tamanho contexto descambar para a marginalidade, seja na realidade americana ou brasileira, é uma história de vida rara de se encontrar no cinema, sobretudo no hollywoodiano de “La la Land”. Ao formar um conjunto de fatos reais e tristes para costurar uma história simples, mas de temática altamente complexa, não para entender e sim para sentir, com um empurrãozinho do Caetano Veloso cantando “Cucurrucucu Paloma”.
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