Moro está ficando cada vez mais irritado com Lula em seus depoimentos, censurando-o por ele não se encontrar num palanque político – e deixá-lo numa posição inferior. Desse modo, Moro vai condenar Lula quantas vezes puder. Para puni-lo por comportamento insolente, pouco importa se existem provas ou não contra ele. Lula não se comporta servil como se exige diante do representante da elite (Moro) que manda no país, e que Lula ousou retirar-lhes poder, merecendo, por isso, ser vergastado até aprender, com muitos anos de cadeia sem perdão. Lula ousou mudar o status quo da classe dominante, por isso fazendo jus ao destino dos escravos que fugiam para os quilombos. O inculto do Moro, convicto do seu papel de verdugo, jamais enxergará as consequências do que está fazendo, bem disfarçado como agente máximo no combate à corrupção. Mexer nas classes sociais num país estruturalmente atrasado, escravagista e preconceituoso como o Brasil, equivale a uma declaração de guerra dirigida aos poderosos por lhes suprimir privilégios, até então exclusivos dessa canalha. Moro se orgulha desse papel ao lado de sua tropa pretoriana (procuradores e polícia federal de Curitiba), que lhe é fiel nesse mister. Ainda mais que alavancar mobilidade social nesse monstrengo reacionário em que se transformou o Brasil depois que a máquina do impeachment se pôs em marcha equivale a coisa de comunistas, esquerdistas, petralhas e outros galanteios de pobres de espírito que trabalham de graça para ajustar o Brasil ao feitio dos que querem mantê-lo como uma vaca sagrada sem ordenhá-la, não distribuindo o leite das crianças.