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MORTE INGLÓRIA

O embaixador Sebastião do Rego Barros, de 75 anos, caiu do 11º andar de um dos três prédios que integram o tradicional conjunto Chopin, na Avenida Atlântica, ao lado do Hotel Copacabana Palace. O embaixador perdeu o equilíbrio ao subir numa cadeira para pegar um livro em sua estante, que ficava colada a uma janela com peitoril baixo. Havia tirado os sapatos e estava de meia quando se desequilibrou em cima da cadeira e seu corpo se projetou através da janela, talvez provocado por uma vertigem, comum em pessoas idosas, ou tonteira causada pela altura da prateleira da estante ou do próprio andar em que morava. Foi de encontro ao solo junto com o livro que buscava. O livro era um dos volumes da biografia “Getúlio”, de Lira Neto. Não é demais recordar que Getúlio Vargas morreu se suicidando. Não é demais alertar para que, quando subir em estante colada à janela, não se esqueça de antes fechá-la por mera precaução. Senão, poderá entrar para a História como suicida. Sem sê-lo. O que seria uma morte inglória. Creditada ao mero acaso. O que diminui o brilho da trajetória do personagem. Bem diferente de morrer infartado ao subir a escadaria ingressando num imponente hotel europeu, que já hospedou a aristocracia do continente, apagando de vez enquanto conjuminava em sua mente o tema da decadência da nobreza, que enterrou impiedosamente um tempo que se foi. Não deu tempo para ele se perguntar o que é que a decadência tinha a ver consigo. Uma morte instigante, pelo menos. Pois que nessa há uma causa, enquanto na morte do embaixador, apenas um traço.

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Antonio Carlos Gaio
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