A parede entre os dois era tênue,
como tênue era a voz que relatava o ato ao interessado ouvinte.
Era quase um sussuro.
– Nunca vi corpinho mais perfeito que aquele!
Os seios tão pequenos que mais parecem duas saliências.
Quadris estreitos, boquinha miúda e nos cabelos,
uma maria-chiquinha colorida que eu fiz questão de deixar no lugar.
– Conte mais, caro rapaz. Conte mais.
– Então, diante daquela visão do paraíso, não resisti.
– Compreensível, meu caro, compreensível…
– Eu comecei lhe dando beijinhos, fazendo carinhos…
Como sua pele era macia!
– Estou sentindo, estou entendendo. Prossiga, meu jovem, prossiga.
– Quando fui ver, estava fazendo, já estava fazendo…
– Não, não…
– Sim! A tentação era muito grande. Não resisti.
– Não, não…
– Mas era muita tentação!
– Sim, sim…
– O senhor me entende?
…
– Eu fiz alguma coisa errada?
…
– O senhor tá me ouvindo?
…
Não, o padre Eusébio não estava ouvindo o penitente.
Estava no banheiro. Limpando a batina.
Era muita tentação. Muita tentação.
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