É comum constatar, no exercício da cidadania, que nós temos duas espécies de moral: a moral que exigimos dos outros e a moral que temos para nós, em particular. Bastante compreensiva com tudo que diga respeito às nossas peculiaridades e a desculpar nossos atos mais vergonhosos, quando não os encobrimos. Afinal de contas, somos seres humanos e queremos transparecer sermos normais. Pouco importa se, de perto, parecemos seres asquerosos ao refletir nosso caráter, senão monstros. Embora no sexo não nos escandalizemos se vamos além e surpreendemos por nos mostrarmos completamente diferentes do que transparecemos na superfície. Nas trivialidades. Porque temos duas espécies de moral: a que podemos mostrar e a que tendemos a esconder, até que apareça alguém que compreenda o “monstro” que alimentamos dentro de nós. Daí sermos obrigados a cultivar as duas: uma aceita pelo público careta e normal e outra, sob reserva, até que alguém descubra o seu caráter especial.
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