A sala de espera de um tratamento de câncer. Pessoas com dores em comum e diferentes sintomas. Medos, crenças, descrenças, segredos, esperança.
Uma criança entra e brinca, parecendo alheia à dor alheia.
– Respeite o sofrimento dos outros, contenha-se, que coisa feia!
Alguém mais velho diz.
A criança brinca feliz e não percebe.Os impacientes vão ficando mais leves. Esquecem dos pensamentos recorrentes, quebram correntes e dão as mãos contentes para a criança, em sentimentos. Olhando do lado de fora, sentindo dentro.
Naqueles breves momentos, tudo fica em suspense, enquanto a alegria do agora voa, com asas de borboleta.
Uma porta verde se abre:
A enfermeira chama um dos nomes.
A criança para sua dança, olha para o portador daquele nome e, parecendo adulta, anda firme e resoluta e dispara, bem dentro do ouvido dele, com o sorriso sussurrando na cara:
– Estou te esperando para brincarmos de novo.
E dá uma piscadinha marota.
O agora paciente adentra o verde sorrindo. Só indo.
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