O que está em questão não é só a barbárie de condenar mulheres a serem apedrejadas até à morte em regimes islâmicos, visto haverem traído a ancestral memória machista quando mantiveram relações com o homem que pretendia ser o sucessor do falecido. Se é que antes não padecem de centenas de chicotadas por terem engravidado, enquanto o garanhão é libertado após o pagamento de polpuda fiança.
Muito menos o que está em questão não são os serial killers, que assassinam mulheres com seguidos tiros ou facadas ou por estrangulamento ou através de ácido que desfigure o rosto, pelo motivo banal de o ex-marido, companheiro ou mesmo namorado ter sido dispensado por ele não dispensar o tratamento do qual ela se julgava merecedora. O que o homem pode proporcionar em matéria de afetividade, sensibilidade ultra-amorosa, inspiração e magnetismo ficou muito aquém da expectativa da mulher.
Um processo de transmutação radical dos relacionamentos passou a deixar de lado a conveniência e optar pelo rompimento quando cessam as afinidades. Num mundo civilizado, ninguém é mais obrigado a se casar nem muito menos se manter acorrentado a um casamento infeliz até os seus últimos dias. O casamento conserva sua força de instituição dinâmica e vigorosa, seja qual for o estilo, em virtude de hoje ser genuinamente um pacto e firmar um compromisso entre iguais.
O que está em jogo é o homem não aceitar perder o domínio sobre a mulher, de forma a atender aos seus interesses e privilégios, regulando a formação da família com vias de escape ao seu inteiro dispor, sem correr o risco de ser abandonado no meio da estrada, chamando sua esposa de vagabunda por não se manter fiel nem quando ele vier a morrer.
“Só matando!” é a sua fórmula para prevalecer a seleção natural da espécie através da lei do mais forte, cometendo o grave lapso de se confundir com um animal irracional que mata segundo seus instintos ou com um mero predador.