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NÃO É MINHA VOCAÇÃO ME TORNAR UM ROCHEDO

O professor Marcio Tavares d’Amaral, professor da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro desde sua fundação, está imbuído do propósito de escrever a história de 26 séculos dos paradigmas filosóficos, desde os pré-socráticos até Nietzsche. O primeiro volume de oito aborda a escola de pensamento patrístico, que vai do século I ao VIII – filosofia cristã formulada pelos padres da Igreja Católica, responsáveis pela elaboração doutrinal das verdades da fé no Cristianismo, elucidando progressivamente os dogmas cristãos e que hoje formam a tradição católica, buscando combater a descrença e o paganismo por meio de uma defesa argumentativa da nova religião, calcando-se frequentemente em conceitos procedentes da filosofia grega para decidir os rumos da Igreja.
O professor reconhece que a obra é um projeto ousado, uma história de longa duração numa época como a nossa de hiperespecialização do conhecimento, com um argumento original e que começa pela desvalorizada patrística, e não pelos gregos no século VI a. C., que só virão no segundo volume da série.
Seu argumento é que a cultura ocidental nasceu no século I, do cruzamento “inimaginável” entre a cultura grega do Ser, da razão e da filosofia com a cultura judaica de Deus, da fé e da religião. Na origem desta cultura que ali surgia está a relação entre razão e fé, que constitui então sua questão fundamental.
Essa relação é hipertensa e se mexe, se move, teve várias configurações. Portanto, pode ser contada a história entre essas diversas formas de relação entre razão e fé. E contar essa história é contar a história da constituição dos paradigmas mentais da nossa cultura, os quais a filosofia expressa melhor, desde o seu início até hoje. Em flagrante contraponto com os pós-modernos, que dizem que a filosofia não existe mais, que a História acabou, que o que é real não importa mais, a verdade nem pensar, e o sol já se pôs pela última vez para a cultura ocidental, morto nas nossas e pelas nossas mãos, porque o que há são simulações que funcionam, a eficácia e a funcionalidade é que determinam a nossa sociedade globalizada pelo consumo – conclui o professor D’Amaral, que arremata:
“- Não se trata de uma história da filosofia porque a religião vem junto, não é uma história de religião porque a filosofia está lá, e também não é uma filosofia da história. É uma outra coisa, um campo novo, algo que eu não vejo sendo feito por aí.”
É como também vislumbro minha literatura sobre espiritualidade, que não consigo encontrar paralelo ou encaixar, seja no que os escolásticos kardecistas requerem, apesar da trajetória e influência de minha família paterna terem sido vitais, principalmente a que vinha do Plano Espiritual – todos fiéis a Kardec. Seja no que os budistas não exigem, mas pressupõe uma prática de zen-budismo e meditação. Ou mesmo na filosofia oriental, através da qual dei meus primeiros passos para me envolver com outras vidas em espírito e abraçar a espiritualidade.
Só que não adotei um determinado sistema de pensamento, pois não consegui guardar uma coerência com cada um em especial. Por medo de me tornar um rochedo que eu teria de defender contra todos os outros. O que me resgatou de um grande perigo: o de ser dogmático.
Quando eu nunca duvidei de encarnação, de carma, de vidas passadas e de existir uma outra vida além dessa. A espiritual, dotada de maior consciência, que ajudará a compreender melhor o Infinito e suas demandas, notadamente o que poderíamos ter feito, mas que não nos conscientizamos o suficiente para empreitá-lo a tempo, retardando a evolução.

Antonio Carlos Gaio:
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