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NÃO HÁ DESPERTAR DE CONSCIÊNCIA SEM DOR

Nem Freud, além da alma, chegou tão longe no inconsciente quanto Yung. Não me refiro ao inconsciente coletivo, que permeia nossa viagem espiritual ao longo dos tempos. Não que a leitura sobre o sexo proporcionada por Freud tenha sido menos importante – a prova viva é o divã e o que dele se extrai. É que não há despertar de consciência sem dor, segundo Yung, insuspeito espírita ou mestre na espiritualidade, o cerne de sua divergência com Freud. O psicanalista da alma afirma que as pessoas fazem de tudo, chegando às raias do absurdo, para não ter de encarar sua própria alma em toda a sua extensão. Eu diria mesmo, negando-a, restringindo ao seu estado de espírito ou savoire-vivre que, convenhamos, é muito trivial para abarcar a dimensão de um ser humano. Ninguém se torna um iluminado por se expressar de forma mais clara ou por atrair mais luzes à sua clarividência ou por fazer o sol intensificar sua resplandecência, e sim por tornar conscientes os laivos da escuridão em que nos refugiamos, de acordo com Yung. Senão trevas a que nos entregamos. Até por não nos apercebermos de certas circunstâncias à nossa volta ou por agir sem apurar o sexto sentido ou, principalmente, por não repercutir de que a alma se ressente, concluindo por tudo se encontrar sob nosso pleno domínio. Em suma, por não nos esforçarmos em adquirir mais consciência a respeito do que regula nossa alma, subestimamos o mistério que cerca os nossos passos e menosprezamos, em atitude acintosa, a maneira como Deus rege o nosso plano pelo pernóstico motivo de simplesmente desconhecer Suas razões.

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Antonio Carlos Gaio
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