Cabe examinar a figura execrável de Moro, agora que o ex-governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral Filho, foi solto em razão do STF ter considerado excessivo o tempo de prisão preventiva (mais de seis anos) em uma das ações a que ele responde, relacionada à Operação Lava Jato, que tramitou sob o comando de Moro. Essa decisão não está vinculada a nenhuma reforma de qualquer sentença que, por sinal, nem transitaram em julgado para serem cumpridas, apesar de Cabral ser réu confesso. Não importa se a nossa Justiça é assim, não existe uma justiça ao feitio de Moro e nem mesmo ele era feitor de uma república ao seu caráter nocivo, quando exorbitava em manter o preso no calabouço até colher provas em definitivo para encarcerá-lo de vez. Além de forjar provas a partir de delações oriundas de empresários que compravam sua liberdade em troca de acusar Lula e outros petistas, e decretar sentenças combinadas com a 2ª instância no Rio Grande do Sul para serem ratificadas, costurando uma quadrilha em cadeia no Poder Judiciário, cujas garras já estavam se estendendo à 3ª instância. O objetivo precípuo era impedir Lula de se candidatar a presidente e vencer (como o fez em 2022), logo em seguida à Dilma ter sido arrancada da presidência em razão do absurdo das pedaladas (o caixa do governo entrar no vermelho ou cruzar o limite do cheque especial), que hoje recomendam não se tocar mais no assunto. Até o Supremo Tribunal Federal intervir tardiamente (5 anos depois) para não macular de vez a credibilidade e a dignidade do Poder Judiciário. Tarde demais para esquecer! Moro já havia se associado a Bolsonaro para ajudar a elegê-lo presidente e, em troca, se assentar no Supremo. Promessa não cumprida pelo presidente miliciano. Sem prejuízo financeiro para Moro por ser financiado através de fontes ocultas estrangeiras, interessadas em golpe ou ditadura ou na manutenção da extrema-direita ou em arremedo de nazismo investido no presidente da República, desde que abraçado às Forças Armadas. Contudo, Moro se elegeu senador pelo seu povo fiel do Paraná, notório em suas origens e formação política por votar alternando candidatos corruptos embebidos de um discurso falsamente moralizador e impregnado de autoritarismo fascista. Bem adequado à hipócrita revolta de parcela substancial do povo brasileiro, quando prefere se indignar com a soltura de Cabral ao fazer jus à prisão domiciliar no apartamento do filho com vista para a praia de Copacabana, enquanto espera seu apartamento próprio no Leblon ser liberado pelo inquilino. Não chega a se irritar com o fato de Rosângela Moro, esposa do distinto ex-juiz, ter sido eleita deputada federal por São Paulo, onde não é radicada ou sequer tem domicílio – mesmo porque o ex-juiz continua casado com ela. Faz parte da democracia esses pequenos golpes, falsidades eleitorais, mentirinhas, que não se comparam ao Cabral, o ladrão maior. Moro, então, seria um bandido de menor envergadura que Cabral? Só porque se elegeu senador e faz jus a foro privilegiado? Mas Moro subverteu os poderes institucionais da democracia, quando investido de juiz de 1ª instância, e também depois, portanto, se equiparando a esses mesmos terroristas golpistas que estão procurando bombardear a posse de Lula. Cada um com seu método, não importa o fragor da bomba, e sim a dimensão que o atentado pretende alcançar. Não há diferença alguma entre o terrorismo professado por Bolsonaro através de seus seguidores malfeitores e o infiltrado por Moro nas instituições democráticas, ratificado nos debates eleitorais durante a campanha presidencial.