Em busca do tempo perdido, Proust vivia essencialmente para a sua obra tentando recuperar nos desvãos da memória o que acreditava ter perdido na imaginação fértil de criança ou na alucinação própria da juventude. Sim, podemos nos lembrar de quase tudo que nos for permitido. Para nos dar conta da bisca que éramos e perdoar os que foram injustos para conosco. No encalço de outro mundo que circulava em paralelo ao que julgávamos ser o nosso único mundo. O mundo real. O que podíamos enxergar, o tangível, embora nem sempre se encaixasse de acordo com a expectativa. Quando Proust descobriu tamanha dimensão, optou por dispensar visitas e não mais ser incomodado. Radicalizando, pois temos que conectar o mundo carnal com o espiritual, sem maiores exageros. Por se exigir a paciência de quem lapida uma joia.
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