Dentre uma lista de filmes em exibição, tais como “A menina que roubava livros” (um bom livro filmado), ‘Caçadores de obras-primas” (pífio produto logo de George Clooney para exaltar os EUA no final da 2ª Guerra Mundial), “Trapaça”, “Glória” (a moral chilena passada em revista), “Inside Llewin Davis: balada de um homem comum” (apesar de seu talento, as realizações dos irmãos Cohen por vezes frustram as expectativas), os melhores são “Nebraska” e “Ela”. “Nebraska” surpreende por seu diretor Alexander Payne, que fez “Sideways” (sobre vinhos e enólogos) e “Os Descendentes”, ter apostado numa história (que não inspirava muita confiança) de um velho que insistia em resgatar um falso prêmio milionário, em estupenda fotografia preto e branco revelando a aridez do centro norte-americano. Diferentemente de David Russell (“O Vencedor” e “O lado bom da vida”), que nos cansa com tanta “Trapaça”, por ser um diretor que se esmera em explorar o folclore de seus personagens e arranca belíssimos desempenhos de seus atores. “Ela” de Spike Jonze (“Quero ser John Malkovich”) não é melhor que “Nebraska”, mas impressiona por colocar no presente um futuro que, para evitar a realidade cada vez mais difícil na convivência com quem amamos, substitui a mulher protagonista pela voz sensualíssima de Scarlet Johansson, como se não bastasse sua cara de menina com corpo de mulheraço, que não aparece no filme. A voz gerada por um sistema operacional foi criada para lidar com seres humanos ocupados por carências e que não conseguem se fixar nas relações afetivas, fazendo companhia, trocando ideias e estimulando o orgasmo com reptos sexualizados insinuando possessividade – os mesmos sujeitos que já se masturbavam pelo telefone muito antes do filme “Denise está chamando”, predecessor de “Ela”.
Deixe um comentário