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NO CARNAVAL DEVE IMPERAR A DIVERSIDADE EM TODOS OS PLANOS

Quantas vezes precisa se repetir que o melhor para o Carnaval brasileiro é se irradiar por todos os estados, seja do ponto de vista cultural, econômico ou turístico, seguindo as tradições, estilos e diversidades regionais? Portanto não há necessidade do governador Tarcísio ficar se orgulhando do estado de São Paulo ao desbancar o Carnaval carioca, se medido pela movimentação financeira, volume de empregos e nº de foliões. Soa provinciano e dá margem ao prefeito Paes replicar com “todo mundo quer ser o Rio quando cresce”, provavelmente lembrando do Sambódromo que os paulistas copiaram dos cariocas. Quando o que importa são as ideias, as brincadeiras, as gozações, a ironia, o humor e a sátira veiculados no período carnavalesco. Como o enredo da escola de samba Lins Imperial da segunda divisão no Rio de Janeiro, “Resistir para existir”, referência a Madame Satã, nordestino, preto e homossexual nos idos do século XX. Igualmente a São Clemente, com “O achamento do Velho Mundo”, no qual os índios fariam a viagem oposta à dos portugueses em 1500, onde o humorista e um dos compositores do samba-enredo, Marcelo Adnet, é encontrado e despido pelos nativos na comissão de frente. E a homenagem das escolas de samba do Império Serrano e da Grande Rio no Grupo Especial a dois grandes ídolos do samba, respectivamente, Arlindo Cruz (padecendo de AVC) e Zeca Pagodinho, uma escola desfilando em sequência à outra. Ambos parceiros e compadres de longa data que viraram enredo, começando a se esbarrarem em Quintino, no Bar Cu da Mãe, rumo ao tradicional bloco Cacique de Ramos. Tudo isso é possível na Cidade Maravilhosa. Que cada um conte sua história no Carnaval, sem dar espaço para a pobreza de espírito.

Antonio Carlos Gaio:
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