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“NÓS SOMOS OS 99%”

Cresce a indignação nas capitais europeias contra a corrupção, as políticas recessivas e o corte nos gastos sociais em tempos de crise. Gritam palavras de ordem contra o sistema bancário por ser um recipiente adequado ao dinheiro da corrupção. Enraivecem-se contra a ganância e a injustiça social. Nos EUA, criaram o movimento “Ocupem Wall Street”, se definindo como os 99% da população prejudicada pela crise econômica premeditada nas instituições bancárias e operadoras de empréstimos da Wall Street, em 2008. Muitos dos que se achavam de classe média caíram na real quando a bolha de crédito estourou e se viram lançados na rede de esgoto. Lembraram-se de que existe má distribuição de renda até nos EUA e que essa safadeza se originou do 1% mais rico. A sensação é de que a democracia não mais está funcionando, falta acesso a seus representantes e estes se encontram distantes do povo. Se Obama tinha boas ideias, desmoronou diante do movimento ultraconservador Tea Party, que vincula os protestos a uma gente sem cara, amorfa, sem propostas, suja e hippie. “Ocupem Wall Street” não tem uma plataforma unificada e é muito mais aberto para pessoas que não pensavam em si mesmas como engajadas politicamente e que estão encontrando agora seu canal político – nas ruas. Semelhante às marchas em curso que se organizam contra a corrupção no Brasil, flagrada em bandidos de toga e na livre iniciativa dos Poderes Legislativo e Executivo. A única grande diferença é que aqui os políticos que mais reclamam da corrupção e gostariam de participar dessas manifestações são os mesmos que mais condenavam a política de Lula de excessivos gastos públicos nos programas sociais, o que acabou evitando a crise financeira internacional se instalar no Brasil em 2009, com reflexos até hoje no Primeiro Mundo.

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Antonio Carlos Gaio
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