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NOSTALGIA DE UM PASSADO QUE NÃO VOLTA MAIS

É uma história de sacrifício e rejeição. A mãe a maltratava e a forçava a comer para engordar e ser como as outras cantoras de ópera. Posteriormente, casou-se com um empresário que ambicionava ganhar dinheiro, tornando-a uma diva. Ela então emagreceu 40 quilos e se fez a maior do mundo. Mas foi no auge, no final dos anos 50, que ela se apaixonou por Onassis e abandonou tudo para virar uma mulherzinha e viver em função do milionário grego. Já distante da carreira rica em inspiração e reconhecimento, em que batalhou muito e sozinha em busca da felicidade e da realização artística, Onassis a trocou por Jacqueline Kennedy em 1968, vindo Maria Callas a cair num vazio e emudecendo até que, em 1977, veio a morrer, prematuramente, do coração. Um talento sem par em trajetória plena de glórias e tristezas, que a transformaram num mito revestido da mesma aura das heroínas trágicas que protagonizou nas óperas que representou. A maior cantora lírica da história, dona de uma versatilidade que a levaria a defender, com igual desenvoltura, os grandes papéis do repertório lírico. No entanto, a prima donna era temperamental e difícil de trabalhar. Arranjava desavenças com diretores e mantinha rivalidades com as colegas cantoras, sendo muito exigente consigo mesma e ensaiando horas a fio. Mas não cuidava só da voz, dedicando a mesma atenção à parte dramática. Não era apenas dona de uma voz sublime e distinta com tessitura, timbre e alcance únicos, interpretando seus personagens com tamanha entrega que, não raro, terminava as récitas fisicamente esgotada. A mesma paixão dedicou a Aristóteles Onassis, afrouxando sua disciplina, cancelando apresentações e deixando de ensaiar para frequentar festas e eventos sociais. A falta de rigor concorreu para o declínio de sua saúde e de sua voz, que já não encontrava o mesmo alcance e sustentação. A vida amorosa entrou também em derrocada após ser abandonada por Onassis. O resto de seus dias passou reclusa em seu apartamento em Paris.
Outros tempos, em que o homem exigia que a mulher não trabalhasse fora e largasse sua carreira ou para o que se preparou com afinco e estudo, de modo que ela girasse em torno dele, o deus-sol. Precisou a mulher abolir essa escravidão, ir trabalhar fora para conquistar seu próprio sustento ou aumentar seu nível de instrução, desvincular-se de ser a responsável pela estabilidade e equilíbrio na família, para pôr fim à sua decantada inferioridade e às exigências machistas enterradas em cova rasa como indigentes. Se não fosse ela ter dado esse passo à frente, tudo continuaria como dantes no quartel de Abrantes.
Pois era uma forma do homem controlar quem ele mais amava. Vai que ela descobrisse um rumo melhor se confrontasse com o que não correspondia ao que dele esperava e de ter se enganado com o seu caráter de vender no mercado o grande amor de sua vida. Isso hoje ainda não mudou. A necessidade dela encontrar um companheiro para se casar entra em choque com os frequentes abusos do homem em razão da crescente independência da mulher vir nele provocando ataque de nervos, histeria e nostalgia de um passado em que reinou, trocou de mulher quando quis, senão transformando a esposa em doméstica.

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Antonio Carlos Gaio
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