Toda vez que alguma imagem poética gruda em mim, eu chupo dela até o caroço, lambo os ossos mesmo. Vou escrevendo um, dois, três, mil, até extrair todo líquido da ideia bruta. E o mais doido é que se é erótico eu viro puta, se é de amor, viro Julieta, se de tristeza ou reflexão, profunda. Sou toda inundada de sentimentos exacerbados na poesia, no papel. Quantos amores inventei a me levarem ao céu, enquanto meus pés estavam cravados, até mesmo enterrados no chão? Quantas vezes, estando oca, não me fantasiei de incontrolável paixão? E então é que penso: se podemos criar e até convencer os outros com nossas inocentes mentiras, por que não criamos e alimentamos novos sentimentos e nos convencemos a sentir só o que for melhor pra gente? Tudo é hábito. Habituemo-nos com pensamentos e sentimentos bons. No começo é mais difícil sim, mas depois vira rotina e fim. Quer dizer: começo…
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