Ele queria ser padre nos anos 1960 para sair em passeatas como Martin Luther King e ser preso, bem como operar na organização de trabalhos agrícolas. Foi expulso do seminário por fazer perguntas demais, com o sacerdote em chefe rezando por aqueles que teriam de aturá-lo. Na escola, foi eleito o representante estudantil mais jovem dos EUA e fundou um centro para administrar as crises no seu público alvo: “Ficou doidão? Apareça e deixa a onda passar enquanto conversa conosco”. Acudia também as meninas que fizeram aborto clandestino: “Nunca chamaremos a polícia, e seus pais jamais saberão!”. Esse cara só podia ser um ogro, de boné e comendo sanduíches do Mac Donald’s. Irritadiço, louco por atenção, morrendo de vontade de comprar uma briga em favor das causas que abraçava. Fácil de ser ridicularizado. Um desajustado que tinha tudo para não dar certo, pois lia-se em sua fisionomia: “Aí vem encrenca!”. Animem-se quem se parece com Michael Moore, o oscarizado documentarista, autor de best sellers, o bicho-papão da direita, a metralhadora giratória contra fascistas. O caça vampiros que procura salvar a alma dos americanos das garras do que existe de pior no seu cruel capitalismo, que não consegue humanizar os efeitos de sua gestão temerária e apocalíptica.