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O AMOR NÃO INCLUI A AMIZADE?
Se houver um desejo amoroso entre um homem e uma mulher, a amizade fica em segundo plano, pois tudo o que for feito, construído e alinhavado será sempre em nome do amor. A não ser que o desejo seja velado ou fingido para conquistar o parceiro, que, nesse caso, vem revestido de muita amizade para não assustar o objeto de desejo.
Só cabe incluir amizade no amor se for como extensão dele próprio. Como uma decorrência. Raramente como um atributo de enorme peso, mas independente da relação amorosa. Em outras palavras, eu sou teu amigo porque eu te amo.
Por esse motivo, é extremamente difícil que, ao final de uma relação amorosa que já foi muito apaixonada, a amizade entre um casal sobreviva. Posto que os ressentimentos e queixas alimentam o ódio de quem você amou e por quem você foi amado, fazendo o ódio, aliás, durar mais que o amor. O inconformismo por não ter dado certo não permite o sepultamento daquilo que já morreu. A não ser que o ex não represente mais nada para você, o amor evaporado e a admiração cessada.
Separar o amor da amizade parece um absurdo, ou mesmo paradoxal, em função da aliança, dos vínculos, dos laços que o casal vai formando ao longo do relacionamento. Em tempo de vacas gordas. Quando vem a seca e a fome de amor não saciada, onde se dá lugar a cobranças generalizadas, mesquinharia, senão a torpeza, os tempos são de vacas magras – enquanto não se bebe em outra fonte.
Quando o amor acaba, quem se preocupará com a amizade? Havendo filhos, estabelece-se um pacto em nome de uma saudável paternidade. A não ser que o casal se converta em irmãos, por necessidade de ambos formarem um outro tipo de família. Ou o finado amor revele que o verdadeiro amor ainda está por vir, independentemente do reconhecimento de praxe que se faz a casamentos passados, com filho ou sem filho.
É duro admitir que o amor, um sentimento tão nobre e divino, não inclua no pacote a amizade, por ser tão exclusivista, egoísta e possessivo, um para com o outro, dando margem a manifestações que em nada pareçam ser de amizade. Como, por exemplo, compartilhar segredos que, entre amigos, revelam um alto sentido de companheirismo. No seio do casal, o pomo da discórdia.
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Antonio
Carlos Gaio
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