Quando ambos têm razão e brigam num casal que se ama de verdade, a ponto de não se falarem, porquanto magoados, ambos perdem a razão e ficam sem razão para justificar tamanho descalabro que os afastou, visto que a vontade era de ficar juntos. Se isso se repete e o amor não é suficiente para amainar as divergências, sinal de que o amor se encaminha para um desgaste inexorável. Se ainda assim o amor não acabar, transitando para elevar o nível de temperatura da paixão, mas não cessando os desentendimentos, sinal de que falta juízo para usufruir o que, nessa intensidade, nunca antes ocorrera. Aí, quem tinha razão, não tem mais, o discernimento e o bom senso foram postos para correr. O amor era para valer e não encontra eco para se expandir, calando vozes cuja intenção se resume a desagregar, obrando para que a paz de espírito seja mantida à distância. O pecado maior, se não o castigo final, é o amor não desaparecer, continuar presente, a despeito de tudo feito para sabotá-lo. Amargado pela frustração de não poder vivenciá-lo. Muito menos na sua plenitude.
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