O mais renomado filme do diretor iraniano Asghar Farhadi é “Separação”, Oscar, Globo de Ouro e César (França) de melhor filme estrangeiro, se bem que “À procura de Elly” não lhe fica atrás, ainda mais por serem filmes com linguagem cifrada, plena de simbolismo para driblar a estreiteza da censura do regime dos aiatolás. Mas o que mais chama a atenção em “O apartamento” é a humilhação. E a ter que ser respondida com outra humilhação. Olho por olho, dente por dente. Como na Índia ainda se observa que, assassinado ou estuprado um ou uma integrante de uma família, há que se fazer o mesmo na família do criminoso. O filme se detém na procura do autor do ato de violência (ou estupro velado), para ser reparado vazando o delito para sua família e ele sofrer as penas do vexame imposto à vítima, desonrando os parentes de quem ele mais gosta. A busca do autor passa por meandros de um intrincado labirinto, que bem reflete a hipocrisia da sociedade islâmica (no caso, o Irã, que, felizmente, não entendeu o teor crítico e satírico), e que Asghar Farhadi não deixa por menos: a procura a qualquer preço parte de um ator que encena “A morte do caixeiro-viajante” – deveria ser mais esclarecido. Atire a primeira pedra: Quem de nós já não pensou em humilhar quem tentou nos rebaixar ou desmoralizar? A pedra de toque do filme.
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