Não raro, idosos que ingressam no estado de inconsciência que os levará à morte, repentinamente, despertam com os olhos bem abertos, senão sorrindo e felizes, e quando não gozando com a cara de enfermeiras e visitas ao redor, estupefatas com a reação: “Pensaram que eu iria morrer, não é? Veio todo mundo para me ver pela última vez! Pois eu não estou sentindo dor nenhuma. E se eu me puser triste, aí mesmo é que vocês irão embora! Eu tenho fôlego de gato”. Pouco depois, reingressa no estado pré-comatoso e hiberna de novo. O aceno à vida foi apenas para se despedir dos parentes e dos amigos queridos. Última chance que Deus lhe deu para estar entre nós, antes de se desmaterializar. Apesar de muitos desejarem partir antes do tempo, outros se apegam de tal maneira à vida que não se apercebem da transitoriedade que marca a nossa passagem – pois com fim irreversível -, receando tornar ao espírito, que não morre – a verdadeira vida onde a consciência enterra as ilusões.
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