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O BANANA

Embora Braguinha tenha imortalizado “yes, nós temos bananas, bananas pra dar e vender” e na aparência a banana corresponda ao símbolo fálico, o homem considerado banana está mais para a fruta. Não consegue ficar ereto, curva-se diante de quem fala mais alto. Amolece quando lhe invade um calor com o qual não sabe lidar. Em matéria de derreter, só perde para a manteiga. Quando encostado na parede não sabe se posicionar, treme tanto nas bases que quase não se consegue ouvir sua voz. Pede licença para existir.
“Da porta para dentro mando eu, da porta pra fora você manda em quem você quiser”. Sua mulher o enxota como um camundongo. Imagine se o banana quer mandar em alguém. Quanto mais ele se fingir de zé-mané para tirar vantagem com sua fraca presença, assegura-lhe um futuro em que não será colocado à prova. Ele nunca mais se esqueceu do primeiro dia na escola, quando sua mãe o largou. Cresceu com medo de que descobrissem suas fragilidades. Detestava que o confrontassem com bons exemplos. Não queria perseguir um ideal, não iria alcançar mesmo. Ainda mais que, quando se elege um objetivo, as pessoas não param de te cobrar a realização.
O banana se apaixona por mulheres que guardam uma distância prudente de homens que, com seu irresistível poder de arrebatar, desenvolvem uma ação predatória que queima a natureza feminina. O banana se torna dependente do senso de direção e da desenvoltura com que ela se desembaraça de dúvidas que azucrinam o nosso espírito. Se conforta em saber que tem a seu lado alguém que vai lá e toma as atitudes por ele. O espírito sinuoso ajuda a suportar o mau humor de megeras.
Depreciado, o banana compensa o desgaste sendo do bem. Mascara suas limitações com as boas ações. A nutrir um sentimento de raiva, melhor exteriorizar sua fraqueza para ganhar compaixão dos outros. Uma avaliação benevolente. Assim, todos abrem as portas para recebê-lo. Por não ameaçar nem competir. Fingindo-se de morto, embora se distinga do equivalente no sexo oposto: a mosca-morta. Com uma aparência inocente estimula o protecionismo, irritando aos que vêem na dissimulação uma manobra para tirar partido do discurso de pobre coitado.
Sexualmente, deixa a parceira dispor dele como bem lhe aprouver. Sua natureza passiva desperta o instinto pervertido de torturar mentalmente para sentir prazer. Pode esculhambar à vontade, se ela precisa do banana para se satisfazer. No momento mais íntimo, a rudeza se desmancha e o ato vira de amor. Eis que o elo entre dois seres tão incompatíveis se torna explícito já que ela não tem outra saída senão chegar junto, proporcionando ao banana uma efêmera sensação de domínio que libera um suspiro de alívio entalado na garganta – o incrível orgasmo que encolheu.

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Antonio Carlos Gaio
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