Embora caminhar ajude a colocar as ideias no lugar, eu sofria por não saber que andava como os que seguem sem rumo, já que não queria ficar onde estava, mas também não sabia para onde deveria ir. Pensava, erroneamente, que, por ter caminhado por tantos lugares que seria impossível enumerar, eu avançava. Foi quando me dei conta de que não importava para onde eu deveria ir. Eu precisava era encontrar a mim mesmo. Mas, para isso, seria necessário fazer uma peregrinação pela mais difícil das rotas: a minha alma. Reconheçamos: se não deixarmos alguma coisa para trás, não conseguiremos mudar de rumo. Entretanto, não existe tempo ruim para quem caminha com vontade, a não ser a tempestade de medos que chega como um dilúvio. A água ajuda a lavar o pensamento encardido e a traçar novos percursos, agora que caminho em minha mente, enfrentando subidas intermináveis, até encontrar trilhas intactas e escondidas na alma, consequência da superação que resulta em inspiração. Sobrevém o cansaço do corpo, que descansa a inquietude do espírito. Por descobrir que não existe ponto de partida ou de chegada, só o caminho do meio.