Como o câncer de Chávez equivalia a uma bola de beisebol, ele ficou assustado e temeu morrer. Descobriu que não era imortal. Já se viu ocupando um lugar na fila daqueles que acumulam muitos pecados por se julgar e decidiu ser mais humanitário com os presos políticos nas cadeias de seu país. Começou pelos de câncer de próstata – fixação doentia que costumeiramente o faz pintar seus cabelos de negro, a exemplo de nossos parlamentares. Seu ódio pelos que tentaram demovê-lo do poder por ele ter se transformado num ditador no exercício de democracia amenizou. Até por uma questão de saber que um dia irá enfrentar um Deus maior que sua grotesca figura. Não se trata nem de sentir culpa pelo que andou fazendo no conjunto da obra e sim de reconhecer-se pequeno e impotente para manter-se durão o tempo todo. Fidel, seu companheiro de hospital, é o próprio reflexo de que existe uma hora para se bater em retirada antes que seja tarde demais. O notório definhamento é a morte anunciada da qual poucos escapam. Em jogo, o orgulho de Chávez versus a benevolência para os que pensam diferente.
Deixe um comentário