Chico Buarque de Holanda é coisa nossa que não se vende ao mercado pop que decide o que quer quando se trata de imagem. Aparecem-lhe as primeiras rugas, mas ele continua lindo como o Rio de Janeiro que exalta no “Carioca”. Um modelo de coerência, a política e as artes que o digam, ainda mais quando ele invoca o mestre maior: Oscar Niemeyer – um imortal que não precisou passar pela Academia Brasileira de Letras.
Chico agora é desinibido porque deixou correr em suas veias o poeta no encalço do escritor, silenciando ouvidos carentes das músicas de maior apelo popular. Quem te viu quem te vê, Chico. Agora é sem compromisso. Um recital que seduz almas inquietas que buscam inspiração e redescobrem em si, graças ao nosso Chico.
Parece sofisticado, mas não é, tamanho o insulto de hermético que lançam sobre a poesia. Mas o Chico Buarque é simples, de um tamanho que a ditadura militar não enxergou. Dá vontade de colocá-lo nos braços segundo suas fãs que o amam. Mas como, se é tão maduro para vasculhar a alma feminina e não transparecer um sinal de afirmação? O que por si só justifica essa fidelidade, geração pós geração.
Perpassa no “Carioca” de Chico as ondas de Tom Jobim que invadem nossa praia com arranjos e harmonia à feição. Chico é conservador porque mantém a tradição e, na contradição, está presente no futuro porque nos leva a passear em mares nunca dantes navegados.
Ele nos faz bater palmas, com vontade, em obediência ao refrão de sua própria letra, e nos transporta para o estádio de futebol no delírio do clube de nosso coração: Chico Buarque de Holanda.