A recusa a se vacinar contra a Covid-19 que atraiu a morte e o arrependimento tardio. Uns saem da ambulância já implorando pela vacina na esperança de melhorarem e salvarem sua vida. Ouvem que não podem, já estão consumidos pelo vírus, só passado um mês após a alta para então se vacinarem e não correrem de novo um risco completamente desnecessário.
Descobrindo da pior forma possível em que consiste a pandemia. Nada conforme lhes foi dito. O fanatismo por suas crenças e as convicções ideológicas jogadas por terra a caminho do esgoto, diante do desespero com a verdade que negaram.
“Os exames estão errados. Eu não pego de jeito nenhum essa doença”. No quinto dia de internação, seu estado piorou. O ar lhe faltava. “Estou mesmo com essa doença maldita. Por favor, me perdoem. Sei que a culpa é toda minha, mas me salvem, pelo amor de Deus”. Os médicos disseram que ele chorava sem parar, expondo todo seu medo, desespero e fragilidade. Ele era obeso e cardíaco, o quadro favorito do qual o vírus se serve. Somente depois de sua morte é que sua família se vacinou. Seu primo adoeceu após a primeira dose, mas sobreviveu com sequelas.
O pai de 64 anos e o filho de 33 internados sem estarem vacinados, colocados lado a lado na enfermaria. O filho presenciou o pai precisar ir para a UTI e ser levado – a última vez que o viu. Pouco tempo depois, o filho também teve seu caso agravado, encaminhado à UTI e logo não resistiu. Já o pai melhorou, perguntando a toda hora pelo filho, mas a família pediu aos médicos para só lhe contarem se tivesse alta. Quando são, implorou para revê-lo nem que fosse pela janela ou de longe. A má notícia o fez desabar e se culpar sem parar, um sentimento que carregará para o resto de sua vida. O pai fora o arauto de que a vacina não prestava e que era para a família não se vacinar.
Os vacinados, os pais de crianças e os médicos estão esgotados e inconformados com a ignorância que permeia os não vacinados, os chamados analfabetos de pai e mãe, mesmo que de posse de um diploma de nível superior. À mercê de um contexto de mundo rendido à mentalidade retrógrada, à mania besta de cada um se achar médico e se diagnosticar ou medicar, opinando logo sobre a pior pandemia de todos os tempos, recebendo em troca um castigo do qual nunca mais irão esquecer. Fruto do risco desse experimento, típico de inconsequentes que costumam não responder pelos seus atos.
Caso tivessem se vacinado, não ocupariam em larga escala a rede de hospitais, contribuindo para o desvio de finalidade das equipes médicas. Jamais se apercebendo com sua irresponsabilidade e egoísmo que é muito tarde porque já fizeram mal demais a eles próprios e a inúmeros outros à sua volta ou com quem cruzaram seus destinos.