Antigamente, muito antigamente, se dizia que o coração não mais lhe pertencia. Significava dizer: eu te amo! O homem fazia questão de dizer para convencê-la de que o seu coração estava atrelado ao dela e ele não mais vivia de acordo com os arroubos próprios da juventude. Ele se entregava de corpo e alma. Não era mais dono de si. Quando ainda confiava na mulher. Embora, efetivamente, ele tenha feito mau uso de sua pureza de espírito e inocência, de tanto que a explorou. Acreditava ser uma fatalidade e do seu temperamento. Ambos aí se distanciaram. Porque ambos se gastaram no calor da paixão. De tanto exigirem exclusividade, secou a fonte. Acabaram perdendo seus próprios corações. Irrecuperavelmente, por ser de outra época. O que fica para trás, não pode mais se reviver. Só recriar. Em novo assentamento. Eis o dilema, o desafio, a irritação, o inconformismo, a incapacidade na trégua. Em se entregar ao coração que não é mais meu!