O apóstolo Paulo de Tarso já chamava a atenção para despertar, dentre os que parecem dormir, senão dentre os mortos em vida. A caminhar como se sonâmbulos fossem, mas que transpiram o estranho ambiente de um pesadelo. Quem são os que dormem?
O homem que acusa dificuldades a todo instante se acostuma a concluir, repetindo: a vida não faz sentido. Incapaz de analisar e, portanto, de compreender, se sente paralisado. Pária da vida. Entre se espernear com a consciência e passar a maior parte de sua vida em estado de sono, o que fazer? Se vive no mundo qual um robô, conforme as regras que lhe são impostas. A sua opinião depende do que pensam os outros. Ele assume esta ou aquela postura em face do que a tradição manda. Sem mesmo saber por quê.
Em todos os tempos o homem tem sido advertido quanto à necessidade e a importância de despertar e dos perigos que a imersão na alienação representa.
A ideia de despertar não é, portanto, uma novidade. Adveio com o budismo por volta de 400 a.C. Conta-se que, certo dia, perguntaram a Buda: O senhor é Deus? E ele respondeu: Não.
Então, é um anjo, afirmaram. Também não, voltou a esclarecer.
E por que é tão nobre, tão puro e fulgurante? Indagaram.
Calmamente ele disse: Porque estou desperto.
Despertar é começar a pensar sobre o que faz, o que deseja, para onde vai, afinal de contas? Quais os propósitos com que pretende dar rumo à sua vida? O que almeja de verdade e a que finalidades se destina. É urgente se examinar por dentro, mais profundamente, e realizar o esforço pessoal de se levantar do estado em que se encontra. Da inércia que não o abandona. Pondo-se de pé e atento aos ruídos que vêm da floresta e do gorjeio dos pássaros, em sua tarefa incansável de construir ninhos. Para o despertar do Sol, que sempre anuncia uma nova perspectiva. Para fechar o foco na Lua, que procura amainar os espíritos ainda em rebuliço.
A Ciência Espírita propõe o despertar de seu Todo quando nos instiga à transformação moral, a missão mais árdua e complexa de toda encarnação, justamente por se constituir no processo libertador da alma, que nos livrará dos apegos que travaram nossa caminhada.
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