Antonio Barros de Castro foi meu inesquecível professor de Economia Brasileira. Um dos maiores economistas do Brasil da linha estruturalista, da qual também são expoentes Maria Conceição de Souza Tavares e Carlos Lessa. Todo professor que pesa na balança de nossa formação confunde-se com um bom contador de histórias. Em suas aulas, examinava minuciosamente os inúmeros lados do problema, como se tratasse de uma joia, procurando repensar o problema sob outro viés, até começar a lapidar uma solução, guiado pelo inconformismo e pela transgressão às ideias pré-estabelecidas, facilitando aos alunos pelo fato de ser um excelente ouvinte, um caráter intrinsecamente bom, respeitoso, estudioso ao extremo, com pressa no saber. O mundo lhe era tão interessante, – imagine reestruturar o Brasil com a China no centro da ordem das coisas! O professor Antonio Barros de Castro nunca acreditou na maior bravata do capitalismo de os mercados se autorregularem e a economia não precisar da mão visível do Estado. Não pôde evitar seu destino: instantaneamente, a laje de sua casa despencou sobre sua cabeça e o levou de nosso convívio. A demarcar que temos hora e data para partir.