O filme foi escolhido para representar a Hungria na disputa pelo Oscar de melhor filme estrangeiro em 2014. Aliás, o ideal seria realizar no Brasil um festival ou mostra dos filmes estrangeiros que se candidatam ao Oscar – a nata do que é filmado no mundo. Para nos permitir assistir a filmes como “O diário da esperança”, baseado no perturbador livro “Um caderno e tanto”, da húngara Agota Kristóf, em que dois gêmeos inseparáveis de 13 anos registram num caderno sua trajetória, desde que seu pai parte para a 2ª Guerra Mundial e sua mãe os deixa com sua avó, que mora no campo e não conhecia os netos, sendo ela uma bruxa de tão má e exploradora do trabalho escravo. O diretor János Szász explora brilhantemente as anotações, que refletem como a violência e a crueldade da guerra foram pouco a pouco se incorporando ao comportamento das crianças ao sofrer as consequências de familiares preocupados primordialmente com sua sobrevivência, de conterrâneos, do pároco local, de populares antissemitas, nazistas e até mesmo dos soviéticos que os libertaram da opressão. Um filme contundente e desconfortável por mostrar como os garotos vão adquirindo uma couraça e frieza para se manterem vivos em meio à carnificina da guerra. E assumindo o seu destino, o que nos deixa boquiabertos com a espécie de futuro que estaria reservado para essas criaturas.