A melhor política de desenvolvimento é o combate à pobreza. Historicamente, quase todos os governantes brasileiros governaram apenas para um terço da população. Para eles, o resto era peso, estorvo, carga. Falavam em arrumar a casa. Mas como é possível arrumar um país deixando dois terços de sua população fora dos benefícios do progresso e da civilização? Alguma casa fica de pé, se o pai e a mãe relegam ao abandono os filhos mais fracos e concentram toda a atenção nos filhos mais fortes e mais bem aquinhoados pela sorte? Uma casa assim será uma casa frágil, dividida pelo ressentimento e pela insegurança, onde os irmãos se veem como inimigos e não como membros da mesma família. Só há sentido em governar, se governar para todos. Provou-se, assim, que o tradicionalmente considerado estorvo é, na verdade, força, reservas e energia para crescer. Incorporar os mais fracos e os mais necessitados à economia e às políticas públicas não é apenas algo moralmente correto. É, também, politicamente indispensável e economicamente acertado. Porque só arrumam a casa o pai e a mãe que olham por todos, não deixam que os mais fortes esbulhem os mais fracos, nem aceitam que os mais fracos se conformem com a submissão e com a injustiça. Uma casa só é forte quando é de todos e nela todos encontram abrigo, oportunidades e esperanças.
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