Os que ingressam no Plano Espiritual têm que paulatinamente se distanciar do que viveram aqui na Terra, com o intuito de lá progredir ao ir ganhando consciência. Assim como nós não nos lembramos de vidas passadas quando aqui encarnados. Ambas as vertentes estão intimamente correlacionadas numa relação biunívoca e simbiótica. O caminho por onde se vai, desencarnado, é o mesmo caminho por onde se volta, encarnado – como se fora um tosco sistema de encanamento. O elo entre o desapego e o esquecimento.
O espírito descarta-se definitivamente do corpo para libertar-se, visto que embaraços como lutar pela sobrevivência, correr atrás do dinheiro, buscar o conforto, comer do bom e do melhor, tratar dos males físicos, não mais lhe serão impostos. Pois desencarnaram. O que pode redundar em não aceitação do estado presente devido ao apego e ao egoísmo cultivados na vida material. Desconhecendo que a verdadeira vida é a que se processa espiritualmente.
Para que isso se suceda em bons termos, os espíritos rogam para que não nos lastimemos em excesso ou nos debulhemos em lágrimas, agarrados ao porta-retratos ou a visitas frequentes ao cemitério. No propósito de facilitar sua adaptação e o desenvolvimento espiritual. Cada oração sofrida, ao invés de desejar paz de espírito, soa à recalcitrância diante do fato consumado. O desejo de resgatar a todo custo o ente querido. Trazê-lo de volta. E isso, além de não ser possível, não ajuda a espiritualização. Chega direto como berrante em seus ouvidos e fere sua percepção extrassensorial, por lá não encontrar filtros que abafem o grito de dor de uma mãe que perdeu inesperadamente o filho.
Enquanto nós, aqui encarnados, bem poderemos ser auxiliados por mestres na escolha do melhor caminho se bem acreditarmos não nos encontrarmos sozinhos, ao permitirmos que bons espíritos se aproximem – sem medo. Eles aparecem aos magotes, fazem-se presentes e oferecem seu braço para nós nos apoiarmos de modo a recuperar o passo firme. Desde que os acolhamos sem contestar a força de seu pensamento superior. Vêm em missão de amor, de forma espontânea, uma caridade para nossa alma, muitas vezes perdida.
Não cabe transformar as saudades em peso pesado, caso contrário, trava a evolução espiritual de quem já partiu, bem como se corre o risco de prejudicar seriamente quem depende de você ou encontra-se à sua volta no plano terreno.
Os de lá sentem saudades daqui, mas pedem para que não choremos por eles, pois um dia voltarão para nos ajudar. Quanto aos daqui, solicitam cartas psicografadas de lá para se consolarem com notícias dos entes queridos e amenizar o vazio deixado.