O que poderia ser enaltecido como sinal de novos tempos republicanos, o procurador-geral Rodrigo Janot solicitar ao STF para abrir inquéritos fruto das delações da Odebrecht -, na realidade, é apenas uma jogada do Janot para acumular mais processos sobre as costas de Lula para inviabilizar a candidatura do ex-presidente em 2018 e viabilizar sua condenação. Já que a turma do foro privilegiado, o bloco golpista, em especial o PSDB, cujos indícios de crimes são mais contundentes, com provas de contas no exterior, códigos secretos para recebimento de dinheiro da corrupção, jantares no Palácio Jaburu com direito à assistência técnica do juiz supremo Gilmar Mendes, e “mulas” para carregar propinas, merecerá do STF um tratamento à altura para esquecer de vista os processos e as acusações. Quanto a Lula, sobre quem não conseguem formalizar uma culpa decente, a denúncia de Janot irá para as mãos de Sérgio Moro, para mais uma vez ele se fartar movido por um ódio gratuito e obsessão doentia de condenar Lula com base em convicções. Foram denunciados nada menos que seis ministros (Padilha, Moreira Franco, Aloysio Nunes, Bruno Araújo, Kassab e Marcos Pereira); dois na linha de sucessão do presidente em caso de afastamento do usurpador (Rodrigo Maia e Eunício Oliveira); a cabeça pensante de Temer, a cargo de estancar a Lava-Jato, Romero Jucá; e Aécio “tarja-preta”, o presidente do PSDB, Serra e outros três senadores da base do governo; além de cinco governadores, três deputados que apoiam Temer, três senadores da oposição e dois deputados de oposição. É um golpe de mestre do Janot. O Supremo Tribunal Federal é uma tartaruga falante a caracterizar a inoperância do Judiciário, quando não partidarizada, para não dizer tucana, lá dormitando em seus escaninhos políticos denunciados por corrupção. Se a Corte Suprema acabou de lavar as mãos quanto à fraudulência no processo do impeachment, transformando-se em instância garantidora do golpe de Estado que estuprou a Constituição para derrubar uma Presidente eleita com 54.501.118 votos, não custa nada dar um empurrãozinho a mais na burocracia para propiciar cobertura a raposas da política que comandam o cenário do crime em que perpetuam suas carreiras.