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O ESPIRITISMO NÃO É UMA RELIGIÃO

O Espiritismo é, antes de tudo, uma ciência, e não se ocupa com questões dogmáticas, segundo Allan Kardec, em seu livro “O que é o Espiritismo” (1859). O Espiritismo baseia-se na existência de um mundo invisível formado por seres incorpóreos (os Espíritos) que povoam o espaço e que não são mais do que as almas daqueles que viveram na Terra, ou em outros globos, nos quais deixaram seus envoltórios materiais. Eles nos cercam e exercem constante influência sobre nós, embora a maioria não os perceba. Por desempenhar papel muito ativo no mundo moral e, até certo ponto, no mundo físico, o Espiritismo está na Natureza, sempre a impregná-la com ideias novas, além de constar da história de todos os povos.
Seu verdadeiro caráter é, pois, o de uma ciência, e não uma religião, contando entre seus aderentes egressos de todas as crenças, que nem por isso renunciam às suas convicções, como os católicos, que não deixam de ir à missa. Embora o sentimento religioso se faça presente nas evocações e nas reuniões espíritas, não existe uma fórmula sacramental, já que o pensamento é tudo e a forma nada representa. Os trabalhos são procedidos com calma e recolhimento, uma condição necessária para as observações, bem como guardar respeito por aqueles que não vivem mais sobre a Terra. O que significa que o espírita não é ateu, nem muito menos sectário de uma religião.
Se jamais devemos nos entregar à angústia e ao desânimo, no máximo, atribulados e perplexos com as pessoas más e indiferentes, a Terra é considerada por muitos como o planeta da expiação. Seria a reencarnação uma punição somente aos Espíritos culpados e sujeitos àqueles que não cumpriram os planos cuja execução Deus lhes confiou? Atividades que, se desempenhadas, ajudariam o desenvolvimento de sua inteligência e consequente evolução. Se Deus confere a todos a mesma liberdade de ação e capacidade para cumprir as obrigações sem qualquer privilégio, fica claro que é apenas um estado transitório como prova do uso de seu livre-arbítrio. Se não vencerem os degraus da iniciação para colherem mais cedo os frutos de sua trajetória retardarão seu adiantamento, podendo prolongar a necessidade de reencarnar, julgada como castigo para inúmeros recalcitrantes teimosos que não abrem sua alma ao arrependimento.
A duração do chamado castigo é subordinada ao aperfeiçoamento do cognominado Espírito culpado. Nenhuma sentença condenatória por tempo determinado, a exemplo da justiça terrena, é decretada, já que a eternidade de suplícios não se enquadra na infinita misericórdia de Deus. O perdão de Deus para pôr termo aos sofrimentos vem através da tríade arrependimento, expiação e reparação.

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Antonio Carlos Gaio
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