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O GALANTEIO COMO MANIPULAÇÃO

Quem é vivo, sempre aparece. Sumi porque achei que tivesse ofendido seu pudor e recato com minha trêfega maneira de ser e me recolhi aos meus costumes, embora contrariando meu desejo. Que é quem decide o que é vital para mim e provavelmente a assusta.
Se o desejo é um fator tão decisivo na sua vida, estranhei quando deu um chá de sumiço e parou de se comunicar comigo. Tenho uma enorme curiosidade de saber o que aconteceu com você. Será que poderia me dizer?
Você não acha que, em matéria de se expor, você está mais para tartaruga, que se encolhe e se esconde dentro da casca, quando ameaçada? Você não é cheia de não-me-toques, mas se resguarda barbaridade! Não liga pro povo, não! O povo fala de qualquer maneira. Sendo ou não sendo, fazendo ou deixando de fazer. Faça, então, de uma vez por todas. Deus gosta de quando somos criativos e ousados. Para ter o que julgar, comentar e avaliar nossa contribuição ao amor.
Vejo que você tem um grande preconceito contra pessoas recatadas. Por quê?  Acha que elas não têm nada a acrescentar? Elas não te despertam nenhum tipo de interesse? Assim, você está deixando minha auto-estima lá no pé!
Eu não tenho nada contra mulheres recatadas. Mesmo porque, geralmente são sem sal e não ofendem meu desejo. Tenho sim contra quem se mostra arrojada, instigante e querendo morder meu calcanhar-de-aquiles, para depois se refugiar no seu santo recato. No uso abusivo da tática de provocar, para depois recuar, bem defendida. Pois que aí evita o confronto de desejos e ensarilha as armas, antes apontadas para o meu coração. Eu não tenho preconceito contra mulher cagona, apenas não me afino. Perde-se muito tempo para contornar melindres – meandros no rio me provocam náuseas.
A mulher recatada vive no dilema entre a prisão de ventre e a diarréia. Entre conter-se sem saber como extravasar, ou se soltar, da pior forma possível, sem pé nem cabeça, desmilingüindo-se toda, arrependendo-se do dia em que nasceu. Fazendo com que o homem fique dividido. Entre aceitar fazer a corte à recatada, cumulando-a de atenções e conversas sem fim, para obter tudo o que deseja, a ponto de rodear o pavão em apreço à sua beleza e classe, ou jogar duro com mulheres em estado ainda virginal e chamá-las às falas para o fudez vous que virou a vida. O galanteio como manipulação versus pôr as cartas na mesa e revelar desde intenções inconfessáveis até as mais sublimes.
Para que se debater tanto com questões de auto-estima lá no pé? Pé é assunto para príncipe encantado. Pezinho é para Cinderela.

2 Comentário para O GALANTEIO COMO MANIPULAÇÃO

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Antonio Carlos Gaio
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