Lula alimentou os piores pesadelos dos eleitores mais conservadores com aquilo que mais temem, que é a luta de classes, representada pelo seu famoso lema, “nós contra eles”. Nós, o povo de Lula, contra eles, os que são contra a mobilidade social, mexer na pirâmide que reflete as classes sociais, criar uma escala de consumo para atender a essa faixa de demanda. São os mesmos que batem na panela para os pobres voltarem a frequentar as rodoviárias, liberando os aeroportos para seu desfrute, tal como ocorreu nesse final de ano. Marx já dizia que ou bem reconstituímos revolucionariamente a sociedade ou ela se arruína com as classes em conflito. É o que está acontecendo com a ruína em curso no Brasil, quando os eleitores reacionários insuflados pelo Aécio se insurgiram contra a eleição de Dilma e partiram para o golpe, instalando, com a quebra da ordem constitucional, uma crise institucional que afundou o país, levando Alckmin a se compor da forma habitualmente hipócrita com Temer e sua quadrilha, fingindo que não pretende derrubá-lo, ao exaltar que o tempo de “nós contra eles” acabou. Ou seja, preferível assim, comendo-se uns aos outros para disputar quem lambe o rabo da elite, do que uma democracia voltada para a maioria mais pobre, buscando incluí-la na sociedade com os mesmos direitos dos privilegiados.